Afinal, o que é APLV?
A APLV (alergia à proteína do leite de vaca) é uma das alergias alimentares mais comuns em crianças, principalmente nas menores de 4 anos. Conforme mencionado no novo posicionamento de alergia alimentar desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Pediatria em parceria com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, observa-se uma prevalência de 5,4% dessa condição entre as crianças avaliadas.
Essa alergia acontece quando o sistema imunológico da criança reconhece, de forma equivocada, as proteínas do leite de vaca e seus derivados como uma ameaça ao organismo. Como resposta, o corpo desencadeia reações alérgicas que podem se manifestar de diversas formas, afetando o sistema digestivo, respiratório ou até a pele.
Quais são os sintomas da APLV?
A APLV pode causar diferentes tipos de sintomas, que variam de uma criança para outra e também no tempo de surgimento após o contato com a proteína do leite. Esses sintomas podem ser imediatos (surgem entre alguns minutos e até no máximo duas horas após a ingestão) ou tardios (aparecem depois de dias).
Sintomas imediatos
Os sinais mais comuns que podem surgir pouco tempo após o contato com a proteína do leite são:
- Cólica intensa;
- Manchas vermelhas na pele;
- Sibilância (chiado no peito);
- Coceira, urticária e vermelhidão;
- Inchaço no rosto, olhos ou lábios;
- Anafilaxia (reação alérgica grave que exige atendimento médico imediato).
Importante: vômitos, dificuldade para respirar e tosse também são sintomas possíveis e considerados mais graves. Em caso de qualquer sinal de gravidade, procure atendimento médico imediatamente.
Sintomas tardios
Após ingerir o leite de vaca, como dito anteriormente, os sintomas podem levar dias para aparecer. É aqui que o diagnóstico pode ser desafiador, pois dificilmente os pais associarão os sintomas à ingestão do leite depois de vários dias. Alguns dos sinais:
- Refluxo gastroesofágico persistente;
- Constipação ou diarreia;
- Sangue nas fezes;
- Irritabilidade e cólicas intensas;
- Dificuldade para ganhar peso ou crescer adequadamente.
A APLV tem cura?
Em muitos casos, sim. A maioria das crianças com APLV pode desenvolver, ao longo do tempo, tolerância à proteína do leite de vaca. Isso significa que, com o devido acompanhamento médico, há uma boa possibilidade de que a alergia diminua ou desapareça com o passar dos anos, especialmente durante a infância!
Algumas crianças começam a tolerar o leite por volta do primeiro ano de vida, enquanto outras alcançam essa tolerância até os cinco anos. No entanto, é essencial reforçar que cada caso é único: o tempo e a evolução da APLV variam de criança para criança.
A idade e o tipo de manifestação clínica ajudam os profissionais de saúde a entender como será a evolução do quadro, mas é sempre o acompanhamento de um médico especialista, que orientará cada etapa com segurança.
Como é feito o tratamento da APLV?
Atualmente, não há um tratamento que elimine a alergia de forma imediata. O principal cuidado envolve a exclusão total das proteínas do leite de vaca da alimentação da criança, o que inclui todos os derivados.
Caso a criança ainda esteja em aleitamento materno, pode ser necessário que a mãe também siga uma dieta de exclusão, evitando laticínios com orientação de profissionais especializados, como nutricionistas, gastroenterologistas ou alergistas.
Lembre-se: essa alergia pode ser apenas uma fase na vida do seu filho ou filha. E com o tempo, cuidado e o suporte certo, ela pode ser superada. O mais importante é garantir que os pequenos cresçam seguros, acolhidos e cheios de saúde para viver tudo o que a infância tem de mais bonito.
Conte com a orientação dos profissionais de saúde e busque uma rede de apoio, um dia de cada vez. Conte com a gente!
Este é um material orientativo sobre APLV. Consulte sempre o médico e/ou nutricionista.
Referências:
- Vandenplas Y, et al. An ESPGHAN Position Paper on the Diagnosis, Management, and Prevention of Cow's Milk Allergy. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2024 Feb;78(2):386-413.
- Atualização em Alergia Alimentar 2025: posicionamento conjunto da ASBAI e SBP – de Oliveira LCL, et al. Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 9, N° 1, 2025.