Cólica no bebê pode ser APLV?

A cólica é um problema comum em bebês e pode ter diversas causas. Saiba se existe relação entre os indícios de cólica e a APLV.

A cólica é um problema comum em bebês e pode ter diversas causas. Saiba se existe relação entre os indícios de cólica e a APLV.

A cólica pode estar relacionada a diversas situações, incluindo a APLV (Alergia à Proteína do Leite de Vaca). Entretanto, as características da cólica relacionada à APLV são diferentes da cólica “comum” entre bebês.

 

O que é a cólica e por que ela acomete os bebês?

 

A cólica é uma queixa frequente nos primeiros meses de vida e costuma gerar grande preocupação entre os pais e cuidadores. Ela se manifesta por episódios de choro intenso e de difícil consolo, sem uma causa aparente imediata. Em muitos casos, está associada à imaturidade do sistema gastrointestinal e pode fazer parte de um grupo de condições chamadas distúrbios funcionais gastrointestinais (FGIDs), que não apresentam alterações estruturais ou inflamatórias detectáveis. 

 

Os principais sinais de cólica em bebês são: atividades motoras contraídas, incluindo pernas elevadas, abdômen distendido e excessiva eliminação de gases. Esses sintomas são mais comuns nas primeiras duas a quatro semanas de vida e atingem o pico por volta das seis a oito semanas de idade.

 

Outros comportamentos associados a cólicas em bebês podem ser: 

 

  • Testa franzida e careta;
  • Vermelhidão do rosto;
  • Pernas elevadas (sugerindo dores de estômago);
  • Ataques de gritos altos e longos;
  • Ruídos altos na barriga;
  • O bebê não pode ser consolado;
  • Presença de gases ou fezes quando o choro para.

 

A cólica em bebês está relacionada a aspectos biológicos e psicossociais. O primeiro caso pode incluir fatores como1:

 

  • Subalimentação (comer pouco);
  • Superalimentação (comer demais);
  • Deglutição de ar enquanto se alimenta;
  • Regurgitação incompleta;
  • Imaturidade intestinal;

 

Já os fatores psicossociais podem estar associados ao temperamento da família, a uma hipersensibilidade ao meio, à presença de muitas pessoas, a mudanças no meio em que o bebê vive e até a famílias com conflitos psicológicos que atingem especificamente a mãe.

 

Qual a relação entre a cólica e a APLV?

 

Quando as cólicas do bebê são frequentes, intensas e persistem por vários dias ou semanas, podem estar associadas à Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV). Diferente da cólica comum do lactente, esse tipo pode ocorrer a qualquer hora do dia, durar mais tempo e vir acompanhada de outros sintomas, como irritabilidade, alterações nas fezes e refluxo. Trata-se de uma reação tardia, que pode surgir horas ou dias após o consumo da proteína alérgena. A suspeita de APLV pode estar associada à frequência e à persistência da cólica combinadas com outros sintomas, como2: 

 

  • Vômitos;
  • Má aceitação alimentar;
  • Diarreia;
  • Constipação;
  • Dermatite atópica.

 

As características da cólica por conta da APLV podem ser: 

 

  • Mamadas dificultosas em aleitamento natural;
  • Regurgitações volumosas com náuseas e vômitos;
  • Desaceleração do ganho ponderal ou perda de peso;
  • Fezes com excesso de muco, estrias de sangue, extremamente ressecadas ou diarreicas.

 

Formas de evitar que o bebê tenha cólica

 

No caso de bebês com APLV, a principal forma de prevenir as cólicas é realizar a exclusão completa do leite de vaca e seus derivados da alimentação, seja do bebê, quando não é amamentado exclusivamente ao seio, seja da dieta da mãe que amamenta. Isso porque a proteína do leite de vaca pode passar para o bebê pelo leite materno e desencadear os sintomas.

 

Já para bebês que não têm APLV, algumas medidas podem ajudar a aliviar ou até prevenir episódios de cólica, embora nenhuma delas seja garantida isoladamente. Uma dica comum é manter o bebê na posição vertical durante as mamadas, o que pode reduzir a ingestão de ar e também é recomendado tentar fazer o bebê arrotar após as mamadas.

 

Estratégias que podem ajudar a aliviar a cólica

 

Além das orientações preventivas e do acompanhamento médico, algumas medidas simples no cotidiano podem trazer alívio ao bebê durante crises de cólica:

 

  • Ambiente tranquilo e acolhedor: Um local calmo, com poucos estímulos visuais e sonoros, pode ajudar o bebê a se sentir mais seguro e relaxado, o que favorece o alívio das cólicas;
  • Calor reconfortante: Aplicar uma compressa morna sobre a barriga do bebê ou oferecer um banho morno pode promover conforto, diminuindo a tensão abdominal;
  • Massagens relaxantes: Movimentos suaves e circulares na região da barriga, além de pequenas massagens nos pés do bebê, podem estimular a liberação de gases e aliviar o desconforto abdominal. 

 

Essas medidas são complementares e não substituem a avaliação médica. Converse sempre com o pediatra e/ou especialista para orientações personalizadas e adequadas à situação do seu bebê.

 

Referências

1. Gomes M., Paranhos P., Dessotti A., et al. Cólica do lactente: uma revisão de literatura. Universidade Estadual De Campinas. Disponível em: https://repositorio.unicamp.br/Busca/Download?codigoArquivo=511318. Acesso em 15 de fevereiro de 2024.

2. Danone. Guia de diagnóstico e tratamento da APLV Alergia à Proteína do Leite de Vaca. Disponível em: https://alergiausp.com.br/wp-content/uploads/2023/04/6421cfdec72fa.pdf. Acesso em 15 de fevereiro de 2024.

3. Better Health Channel. Colic. Disponível em: https://www.betterhealth.vic.gov.au/health/healthyliving/colic. Acesso em 15 de fevereiro de 2024.

4. Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_da_crianca_2019.pdf. Acesso em 15 de fevereiro de 2024.

5. Ministério Público Federal. Guia prático da alimentação no primeiro ano de vida. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Disponível em: https://saude.mpu.mp.br/servicos/publicacoes/arquivos/guia-pratico-da-alimentacao-complementar.pdf. Acesso em 15 de fevereiro de 2024.

6. Alergia à Proteína do Leite de Vaca. Amamentação e dieta. Disponível em: https://www.alergiaaoleitedevaca.com.br/nutricao. Acesso em 15 de fevereiro de 2024.

7. Thomas L. Colic Prevention. News Medical Life Sciences. Disponível em: https://www.news-medical.net/health/Colic-Prevention.aspx. Acesso em 15 de fevereiro de 2024.

8. de Oliveira LCL, et al. Atualização em Alergia Alimentar 2025: posicionamento conjunto da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia e Sociedade Brasileira de Pediatria. Arq Asma Alerg Imunol – Vol. 9, N° 1, 2025

 

 

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