Jornada na APLV

O diagnóstico de APLV altera completamente a vida das famílias e mesmo quem é novo nesse universo, já deve ter sentido um misto de emoções. Se por um lado é bom ter o diagnóstico e o caminho traçado para alcançar a estabilidade do bebê, por outro, é difícil administrar tantas demandas com relação ao ajuste da alimentação.Com informação de qualidade, podemos ter ferramentas para lidar com os desafios da APLV com mais leveza. Nessa sessão, selecionamos materiais que podem ser úteis para percorrer a jornada APLV, que se inicia no diagnóstico e suas angústias e chega ao viver bem com alergia alimentar.

A Dieta na APLV

A partir do diagnóstico, temos a tranquilidade de saber que, com o tratamento, cessarão os sintomas e estaremos bem. O tratamento, entretanto, é a dieta de exclusão e muitas dúvidas podem surgir a partir da recomendação de retirar o leite de vaca.

Cada caso é único, mas vale ressaltar que mínimas quantidades do alérgeno são capazes de deflagrar reação, portanto, a restrição deve ser total e é a informação que nos protege de transgredir a dieta sem a intenção.

O primeiro passo é saber o que não pode ser consumido. Retiramos da dieta o leite, seus derivados (como queijo, manteiga, iogurte) e todos os alimentos que contenham leite em sua composição.

Em teoria, precisamos, basicamente, conhecer os ingredientes que indicam a presença de leite, estarmos afiados para a leitura de rótulos  e descobrir novas receitas e alguns macetes culinários.  Mas é no dia a dia que sentimos os desafios de toda uma rotina alimentar que se altera. Da seleção de ingredientes e produtos que serão consumidos em casa à vida social, tudo deve ser cuidadosamente pensado e adaptado.

Cercarmo-nos de opções seguras nos permite viver essas escolhas com mais tranquilidade. Ter afinidade com a cozinha e adaptar receitas é uma das estratégias de muitas famílias que convivem bem com a alergia alimentar. Contar com o apoio da família, dos amigos e da comunidade traz a leveza necessária para encarar cada etapa da jornada. 

Ingredietes que indicam a presença de leite

A conduta de exclusão do alérgeno deve contemplar a total exclusão do alimento reconhecido ou supostamente envolvido, inclusive dos produtos dele derivados e de preparações ou produtos alimentícios que o contenham.
 

Com relação ao leite, precisamos reconhecer os nomes que indicam a presença de leite, os nomes que podem indicar a presença de leite e de nomes que parecem conter leite, mas que podem ser consumidos.

Soro do leite, sólidos do leite, soro de concentrado de proteínas, soro desmineralizado, proteína do soro, whey protein, caseína, caseinato, fermento lácteo, lactoalbumina, lactoglobulina, lactoferrina, composto lácteo, mistura láctea, proteína láctea do soro do leite microparticulada, lactose, lactulose, lactulona, gordura de manteiga, óleo de manteiga, éster de manteiga, cultura inicial de ácido lático fermentados em leite ou soro do leite.

Corante, aroma ou sabor natural de manteiga, margarina, leite, queijo, caramelo, creme de coco, creme de baunilha, iogurte, doce de leite e outros derivados de leite.

Ácido lático, lactato de sódio e de cálcio, estearoil lactil, leite de coco, conservador propionato de cálcio, manteiga de cacau

Leitura de Rótulos

Cópia de Unnamed Design Cópia de Unnamed Design

No tratamento da APLV, além de retirar da dieta o leite e seus derivados, é preciso excluir preparações e produtos alimentícios que contenham leite em sua composição.

 

Em 2 de julho de 2015, a ANVISA publicou no Diário Oficial da União n° 125,  a Resolução da Diretoria Colegiada n° 26, que dispõe sobre os requisitos para rotulagem obrigatória dos principais alimentos que causam alergias alimentares.

 

A partir da publicação, a indústria teve um ano para se adequar e, desde julho de 2016, a aplicação dessa regulamentação permite que os portadores de alergia alimentar e suas famílias, escolham os produtos alimentícios com mais segurança.

 

No rótulo, logo após a lista de ingredientes e em destaque, vem a informação “ALÉRGICOS: CONTÉM”, com a descrição dos respectivos alérgenos que compõe o produto.

 

Ainda, quando não for possível garantir a ausência de contato cruzado com o alérgeno em alguma etapa de sua produção, seguirá a informação “ALÉRGICOS: PODE CONTER”, com a descrição dos respectivos alérgenos que podem ter tido contato com o produto. 

 

A lista de ingredientes continua trazendo informações importantes que devem ser consultadas e, quando houver dúvidas, a orientação é contatar o SAC do fabricante. Vale lembrar que o alerta do “contém” e do “pode conter” não contempla todas as proteínas alimentares, mas apenas àquelas que mais comumente causam alergia.

 

Acesse nosso guia com orientações sobre a leitura de rótulos.

Macetes culinários

O leite é uma importante fonte de energia, de proteína, de cálcio, de vitamina D, de zinco e de outros nutrientes. Um dos pilares da orientação nutricional é, justamente, garantir a oferta desses elementos através de substitutos do leite, de fontes alternativas e de suplementos, o que é avaliado caso a caso.  

 

Além da sua relevância como alimento nutritivo, o leite também é amplamente consumido em preparações que fazem parte da nossa cultura alimentar, por isso valorizamos as receitas (linkar) nessa jornada para conviver bem com a alergia alimentar.

 

As preparações culinárias são verdadeiras alquimias e conhecer alguns princípios de técnica dietética são fundamentais quando precisamos substituir ingredientes e garantir o resultado final. Ao executarmos as receitas já testadas e aprovadas, vamos percebendo os macetes que podem nos ajudar a adaptar uma receita de família, a sugerir uma receita pra culinária da escolinha, enfim, cozinhar é uma boa ferramenta de inclusão.

 

A principal função química do leite em receitas é a hidratação, mas, além disso, pode contribui com sabor, com o açúcar que intensifica o dourado/caramelizado, com o sal que ajuda na coagulação da proteína e com a gordura que dá corpo às preparações.

 

Quando o leite é utilizado para hidratar um bolo, um pão ou uma torta, pode ser substituído por qualquer outro líquido como água, suco de frutas, leite de coco ou bebida vegetal.

 

Quando o leite (e sua gordura) são utilizados para dar corpo, podemos utilizar uma outra gordura, ou ainda, um  amido como substituto: purê de inhame pode dar ares de strogonoff ao picadinho, mandioquinha ralada para dar cremosidade ao risoto, farinha ou amido de milho podem encorpar um creme.

 

Para caramelizar, a sacarose (que é o famoso açúcar de mesa) pode substituir a lactose. Até o nosso tradicional brigadeiro pode ser preparado com uma mistura de bebida vegetal, açúcar e chocolate sem leite

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